quarta-feira, 26 de julho de 2017

Slide - Apostila MB 8 - Doutrina Social - Capítulo 2

Paz de Jesus irmãos e irmãs!
Que Deus nos abençoe e nos ajude a compreender a riqueza da DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA!

Estou cada dia mais extasiado pela DSI. Como é lindo entendermos que não temos uma 'igreja comunista' ou uma 'igreja machista' como muito acusam por aí. Após vermos a questão social do Antigo Testamento, marcada por Lei, Justiça e Aliança, vamos agora para 'O Pensamento Social no Novo Testamento'.


1 OS EVANGELHOS - Primeiro, vamos considerar a pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus que:
a) Se encarnou e estabeleceu sua morada entre nós;
b) Nos revelou quem é Deus, Seu Pai e nosso Pai;
c) Morreu crucificado, doando sua vida por nós;
d) Ressuscitou ao terceiro dia, tornando-se Senhor, sendo reconhecido como Cristo (enviado) e Messias (ungido).

Jesus em hebraico quer dizer "Deus Salva", portanto Aquele que salva o povo dos pecados e instaura Seu Reino definitivamente no meio nós. O reino de Deus pertence aos pobres e aos pequenos, isto é, os que acolherem com o coração humilde o Evangelho.

Jesus sempre compartilhou a vida dos pobres e demonstrou com suas atitudes ensinamentos preciosos:
- Devolvendo a César o que é de de César, demonstra que todos os homens são irmãos e que Javé é o único Senhor;
- Exaltando o exemplo da viúva, demonstra que é mais importante ao homem doar-se do que ter (dinheiro);
- Citando os exploradores das "casas das viúvas", Jesus denuncia a perversão do sistema em que quem governa é o dinheiro e não o Deus Vivo;
- Examinando o templo de Jerusalém, afirma que o serviço a Deus passa pelo serviço ao próximo;
- Afirma que o Reino de Deus é mudança da condição dos pobres resultante da partilha;
- Apesar de não liderar nenhum movimento político, Sua vida e exemplo tem uma dimensão política evidente;
- Vem libertar o homem de ideologias que aprisionam. Ele vem libertar o homem, desatar-lhes as amarras da consciência oprimida, ajudar os homens a caminharem com os próprios pés, tirá-los da opressão.

Podemos perceber que apesar de não promover nenhuma rebelião ou revolução, Jesus mudou totalmente o mundo com Seu exemplo e ensinamentos, principalmente com Sua compaixão para com a multidão. Ele é um rosto compassivo e solidário que reflete na ação social da Igreja de hoje:
"A Igreja na América deve encarnar nas suas iniciativas pastorais a solidariedade da Igreja universal pelos pobres e pelos marginalizados de toda espécie. Sua posição deve compreender a assistência, a promoção, a libertação e a acolhida fraterna. O Objetivo da Igreja é que não haja nenhum marginalizado".
Ecclesia in America, Propositio 73

Podemos também numerar alguns ensinamentos de Jesus em matéria social:


a) Ele se opõe Essência da Lei onde a justiça apenas como observância rigorosa de leis, mas a expressa como justiça, misericórdia e fé;
b) O lugar social (posição) pode deixar o homem insensível a necessidade do próximo;
c) A partilha se torna um dever, embora não se condene a riqueza;
d) A riqueza é má quando afasta o homem de Deus;
e) O dinheiro é bem material que deve ser bem administrado e não sobrepor o valor da pessoa humana;
f) A pobreza e o desapego das riquezas são valorizados;
g) A caridade é repartir o necessário com o irmão, porque é filho e imagem de Deus.

2 OS ATOS DOS APÓSTOLOS - Em Atos 2, 44-45, vemos que os cristãos tinham tudo em comum. A proposta é que livremente cada um colocava o que era seu a disposição de todos, resultando na ausência de necessitados. O pecado de Ananias e Safira foram a mentira e o apego.

3 OS ESCRITOS DE SÃO PAULO - Entre os ensinamentos paulinos, temos:
- O trabalho é necessário e um dever de todos (Ef 4, 28), até foi de Jesus;


- A mulher tem posição de igualdade com o homem;
- A escravidão e o preconceito não devem existir, pois somos irmãos em Cristo (Gl 3, 26-29);
- A coleta é incentivada em favor dos pobres e necessitados;

4 OS ESCRITOS DE SÃO TIAGO E SÃO PEDRO - Por fim, São Tiago valoriza a misericórdia (Tg 1, 27) e exorta a não haver acepção de pessoas (Tg 2, 1-9). São Pedro valoriza a justiça e o bem que é o reto agir diante de Deus (I Pd 3, 12-14. 18 e II Pd 2, 5.21).

Findando o segundo capítulo deste módulo, continuemos pela 'Evolução do Pensamento Social na História da Igreja', chegando até as Encíclicas Sociais. Estou feliz por estarmos juntos nessa jornada. Até o próximo capítulo.

Um grande abraço a todos!
"Se tem o dom de ensinar, que ensine!"



quinta-feira, 20 de julho de 2017

Slide - Apostila MB 8 - Doutrina Social - Capítulo 1

Paz de Jesus irmãos e irmãs!
Que Deus nos abençoe e nos ajude a vivermos Sua Nova e Eterna Aliança!

Estamos na última apostila do Módulo Básico e falaremos num tema de pouco conhecimento da maioria dos leigos: A DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA. Logicamente não esgotaremos aqui o tema mas tentaremos apenas de forma simples e direta apresentá-lo para que, a critério de cada formando, se aprofunde no oceano deste campo e nas Encíclicas sociais dos papas dos últimos tempos.


Primeiro, vamos aqui fazer alguns esclarecimentos preliminares sobre a DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA (DSI).

1 - Destinatários da DSI - O homem.
A missão fundamental de Jesus Cristo é salvar o homem todo e todo o homem, anunciando-lhe o Reino de Deus ontem, hoje e sempre, levando-o a ser participante na história de sua salvação.
A realidade terrestre não será destruída, mas transformada no momento da instauração do Reino definitivo, criando-se novos céus e nova terra onde só reinará a justiça.
Precisamos sempre ter em mente que na Bíblia o homem é um ser único (alma, corpo e espírito), por isso a DSI vem para reconstruir a dignidade de filho de Deus, destruída pelo pecado, em cada pessoa humana.

2 - Conceituação - Segundo Puebla, 472, a Doutrina Social da Igreja "é um conjunto de orientações doutrinais e critérios de ação, os quais têm sua fonte na Sagrada Escritura, na doutrina dos Santos Padres e dos grandes teólogos da Igreja, especialmente Santo Tomás de Aquino, e no Magistério, especialmente dos últimos papas".
"Esta doutrina social tem, pois, um caráter dinâmico e em sua elaboração e aplicação os
leigos hão de ser não passivos executores, mas ativos colaboradores dos pastores, a quem levam sua experiência cristã, sua competência profissional e científica". 
Puebla 473
O objetivo principal da DSI é a dignidade da pessoa humana, imagem de Deus, e a tutela de seus direitos inalienáveis. Sua finalidade é a realização da justiça, promover a libertação total e integral do homem, contribuindo para a construção do Reino de Deus.

3 - Constituição da DSI - é constituída pelos valores evangélicos, a partir da análise da realidade e mediante o desenvolvimento de ações que visem o resgate da dignidade da pessoa humana.
  • Os principais documentos (Encíclicas) sociais são:
  • Rerum Novarum (RN) - Papa Leão XIII, 15/05/1891;
  • Quadragesimo Anno (QA) - Papa Pio XI, 15/05/1931;
  • La Solennitá (LS) - Papa Pio XIII, 1941;
  • Mater et Magistra (MM) - Papa João XXIII, 15/05/1961;
  • Pacem in Terris (PT) - Papa João XXIII, 11/04/1963;
  • Gaudium et Spes (GS) - Concílio Vaticano II, 07/12/1965;
  • Populorum Progressio (PP) - Papa Paulo VI, 26/03/1967;
  • Octogesima Advenies (OA) - Papa Paulo VI, 14/05/1971;
  • Laborem Exercens (LE) - Papa João Paulo II, 14/09/1981;
  • Sollicitudo Rei Socialis (SRS) - Papa João Paulo II, 30/12/1987;
  • Centesimus Annus (CA) - Papa João Paulo II, 01/05/1991;
4 - Os Pilares da DSI - são 6 pilares:
  1. A dignidade inalienável da pessoa humana, excluindo qualquer tipo de discriminação;
  2. A primazia do bem comum;
  3. A destinação universal dos bens, que se destinam a todos os homens;
  4. A primazia do trabalho sobre o capital;
  5. O princípio da subsidiariedade, onde as instâncias superiores devem cuidar das instâncias inferiores;
  6. O princípio da solidariedade.
Agora que já falamos sobre os esclarecimentos iniciais necessários sobre a DSI, falemos agora sobre o capítulo 1 desta apostila, "O Ensino Social no Antigo Testamento".

Ao longo da história, muitos questionamentos levaram ao surgimento de uma reflexão antropológica-bíblica a respeito do homem e do mundo. Entre estes questionamentos podemos citar:


1 - Qual o valor da pessoa humana?
Resposta: O homem saiu de Deus e foi feito a Sua imagem e semelhança.

2 - E o mundo, qual sua origem?
Resposta: O mundo é obra de Deus, conforme afirmam as Escrituras e a Terra é para nós uma morada provisória.

3 - E qual é a posição da mulher em relação ao homem?
Resposta: O homem e a mulher possuem o mesmo princípio vital e são, em pé de igualdade, responsáveis pelo mundo e sua continuidade. (OBS: Ué, mas não acusam a Igreja de machista?).

Podemos perceber então que quem conduz a história da humanidade é Deus e os princípios da DSI estão presentes desde o Antigo Testamento.

1 A LEI E OS PROFETAS - Lei vem do latim legis e é imanente ao homem, revelada pela consciência e se manifesta por meio das nossas ações quando agimos moralmente bem. Através do Antigo Testamento, percebemos que cumpri a Lei era cumprir a justiça, que por sua vez é "recompensada" por Deus (Lv 24, 13).

Os profetas eram quem denunciavam as injustiças dos juízes e dos reis e a opressão dos pobres, prevendo castigos. Com isto, os profetas introduzem uma nova dimensão de justiça:

- Comportar-se reta e justamente;
- Honrar pai e mãe;
- Agir com piedade e caridade;
- Amar ao próximo e perdoar quem nos ofende;
- Viver a justiça de Deus por causa da Aliança com Deus;
- Deus fará justiça aos oprimidos;
- O Messias virá como o Príncipe da Justiça.

2 A ALIANÇA - Aliança é ato ou efeito de aliar-se e vem do hebraico berith, que significa a existência de segurança nas relações. Numa aliança deve haver reciprocidade e gratuidade, além de ser totalmente livre e de ambos os lados, como foi nas principais alianças de Israel com Deus:

- Aliança de Deus com Noé;
- Aliança de Deus com Abrão;
- Aliança de Deus com o povo por meio de Moisés.


Como Deus é fiel, mesmo quando o povo de Israel quebrava a aliança com Deus, Ele a mantinha mediante a Sua Misericórdia e continua a chamar o Seu povo a ser fiel. Biblicamente, o maior nunca rompe a aliança com o menor, pois é uma relação de amor. Isto é demonstrado principalmente com a Nova Aliança firmada no sangue de Cristo por meio de Sua morte expiatória.

3 A JUSTIÇA - Justiça vem do latim justitia e é o dever moral de dar a cada um o que lhe é devido, inclusive entre as pessoas e o Estado e os Estados entre si. Para o Antigo Testamento, Justiça é ser fiel aos preceitos de Deus, o que nos garante:

- Fonte de vida e glória da parte de Deus (Pr 21, 21);
- Exercício das virtudes (Sb 8, 7);
- Santidade (Jr 12, 1);
- Agir moral (Ex 20, 1-21).

Os autores bíblicos do Antigo Testamento usam 3 termos pra indicar justiça:
a) SEDEQ - Justiça moral, cumprimento da lei que visa a realização do bem comum (Ex: pagar impostos, civismo, etc.);
b) MISCHPAT - Justiça jurídica, sentença judicial, sendo uma justiça distributiva (Ex: o direito do pobre  de Dt 10, 18 e Dt 24, 17-22);
c) HESED - Justiça da misericórdia, mais ampla que a justiça e o direito. Envolve o campo material (salário justo) e o espiritual (não injuriar).

A partir da SEDEQ e da HESED surge a JUSTIÇA SOCIAL onde cada um é, de acordo com suas possibilidades, responsável pelo bem comum e pela construção de uma sociedade justa e fraterna.


Esta justiça é um direito natural indispensável da pessoa humana (alimentação, moradia, saúde, educação, etc.) e não deve depender da caridade.

Por fim, devemos sempre lembrar que o direito humano vem de Deus, afinal Jesus é a Justiça do Pai como afirmado em Isaías 61, 1-4.


Com este texto terminamos o primeiro tema da última apostila do Módulo Básico, DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA. Peço desculpas pela demora em retomar os slides, mas pretendemos terminar o módulo básico e o específico de formadores até o fim de 2017. Ore por nós e que o Senhor nos ajude!

No próximo capítulo falaremos do 'Pensamento Social no Novo Testamento'. Te espero lá.

Um grande abraço a todos!
"Se tem o dom de ensinar, que ensine!"