quarta-feira, 12 de abril de 2017

Slide - Apostila MB 7 - Igreja - Capítulo 2

Paz de Jesus irmãos e irmãs!
Que Deus nos abençoe e nos ajude a conhecer mais e mais a história de nossa Igreja!

Continuando nosso módulo básico de Igreja, vamos agora adentrar na 'visão histórica da Igreja', desde os primeiros cristãos até a reforma, mesmo que alguns pontos sejam difíceis de tratar. E a história é longa, por isso não podemos demorar aqui.

1 A IGREJA NO MUNDO ANTIGO - Como sabemos, A Igreja nasce do peito aberto de Jesus na cruz após a instituição da Eucaristia (CIC 766) e se manifesta publicamente em Pentecostes. Este é o início, o surgimento da Igreja na Palestina, uma província Romana, cujo império se estendia do Oceano Atlântico, até partes da África e Ásia.

O Império Romano sempre se destacou por alguns pontos estruturais de destaque: a boa comunicação, estradas, o Direito Romano, o poderio militar, o uso do latim (língua oficial) e do grego. Todas estas características favoreceram a expansão da Igreja em seu início.

Esse primeiro momento também foi duro, pois os primeiros cristãos eram judeus e quando pretendeu-se abrir o cristianismo também aos gentios quase surgiu a primeira divisão na Igreja, que precisou ser resolvida no primeiro Concílio Ecumênico, o Concílio de Jerusalém.

Também surge nesta época as primeiras perseguições e a preocupação de se defender dos cismas (separações por questões disciplinares) e das heresias (separações por questões doutrinárias).


A partir do século II, tem-se início ao período que chamamos de Patrística, os santos pais e mães da Igreja.

Em ordem cronológica, temos:
Período
Imperador
Acontecimento na Igreja
54 a 68
Nero
- Pedro e Paulo são martirizados;
- Muitos cristãos são mortos distração para os romanos.
98 a 117
Trajano
- Morte a quem se proclamasse cristão;
- Santo Inácio de Antioquia (98-117) é entregue aos leões no Coliseu. O santo era discípulo de João e defendia a unidade da Igreja, a primazia da Sé Romana, a divindade de Jesus contra o docetismo, e a guarda do domingo;
- São Justino Mártir (100-165), morreu decapitado e defendia a guarda do domingo, a celebração da Eucaristia como culto perpétuo do cristão.
161 a 180
Marco Aurélio
- Condenação e martírio de inúmeros cristãos;
- São Policarpo de Esmirna (69-155), martirizado na fogueira;
- Santo Irineu (130-202), combateu fortemente o Gnoticismo.
180 a 193
Cômodo
- Vários cristãos foram martirizados.
193 a 211
Sétimo Severo
- Martirizadas Felicidade e Perpétua por decapitação por não renunciarem a fé cristã;
- Tertuliano (160-220), introdutor do termo Trindade e pessoas no estudo da Trindade e também defende a Igreja como Mãe;
- Clemente de Alexandria (150 a 215), defendeu a vivência fraterna e a repartição das riquezas entre os homens;
- Orígenes, defendia o batismo dos recém-nascidos, o primado de Pedro, a virgindade perpétua de Maria.
249 a 251
Décio
- Para animar o exército e os civis, o imperador obrigou a todos fazerem sacrifícios aos deuses. Os cristãos que se recusavam eram martirizados.
253 a 260
Valeriano
- Proibição de culto e reuniões dos cristãos, obrigando-os a oferecer sacrifícios aos deuses;
- Cipriano de Cartago, foi fiel ao Papa Cornélio e uniu os bispos a Roma contra o anti-papa Novaciano;
- O papa Sixto e seu assistente diácono Lourenço, que foram martirizados. Lourenço apresentou os pobres como a grande riqueza da Igreja.
261 a 283
Galiano
- Publicação do Édito de Tolerância.
284 a 305
Diocleciano
- Maior perseguição aos cristãos já registrada;
- Cosme e Damião, médicos, são martirizados;
- Eulália de Mérida, virgem, torturada e morta aos 12 anos;
- Pantaleão de Nicomédia, decapitado aos 23 anos;
- Inês de Roma, decapitada;
306 a 337
Constantino
- Em 313 foi promulgado o Édito de Milão, dando liberdade de culto aos cristãos;
- Surge a heresia do Arianismo, no qual o presbítero Ario defendia que Deus era apenas Pai, e que Jesus havia sido adotado como Filho;
- Concílio de Nicéia (325), onde foi elaborado o Símbolo da Fé (Credo).
379 a 395
Teodósio I
- Assinou o Édito de Tessalônica, tornando o cristianismo a religião oficial do Império Romano;
- Hilário de Poitiers (300-368) defendia a Trindade;
- Gregório Nazianzeno (329-389) defendia a Trindade;
- Basílio de Cesaréia (329-379) defendia a consubstancialidade entre o Pai e o Filho;
- Gregório de Nissa (330-395) defendia Jesus como verdadeiro Deus e verdadeiro homem, assim Maria é a Theotokos;
- Ambrósio de Milão (340-397), batizou Agostinho;
- São Jerônimo (347-420) tradutor da bíblia;
- São João Crisóstomo (349-407), pai da Doutrina Social da Igreja;
- Santo Agostinho de Hipona (354-430), grande doutor da Trindade.
527 a 565
Justiniano I
- Últimos resquícios de resistência foram aniquilados.

No século V, sob o imperador Teodósio I, houve a divisão do Império Romano em ocidente e oriente. Esta divisão também ocasionou em divisões dentro da Igreja, pois enquanto o bispo de Roma abrangia cada vez mais liderança, o bispo de Constantinopla também passa a desejar semelhante poder. No século VI as vias de comunicação do Mediterrâneo são interrompidas e o distanciamento Roma x Constantinopla é cada vez maior.

2 A IGREJA NA IDADE MÉDIA - A época da Idade Média se divide em 3: Primeira Idade Média, Alta Idade Média e Baixa Idade Média.

2.1 - Primeira Idade Média (fim do século VII até a época do papa Gregório VII) - A Igreja passa por muita dor após perder o norte da África e o Oriente, porém muita alegria com a conversão dos germanos ao cristianismo e sua entrada na Igreja Católica.

Em 1054 a divisão entre a Igreja do Ocidente e a do Oriente se concretiza com o "Grande Cisma". Alguns fatos influenciaram esta divisão:

a) Os gregos (orientais) eram intelectuais, os latinos dados a prática;
b) Após o século IV os documentos passam a ser escritos em latim e quando traduzidos para o grego nem sempre eram fiéis;
c) O calendário da páscoa divergia entre ambos;
d) Na Eucaristia, a matéria era o pão ázimo para a Igreja latina e o pão fermentado para os gregos;
e) O celibato sacerdotal só era observado no Ocidente;
f) Para os orientais, a barba era de suma importância;
g) Os Orientais não aceitavam que o Espírito Santo procede do Filho também.

Em 1054 o Papa Leão IX enviou uma delegação a Constantinopla, porém o Patriarca Miguel Cerulário não aceitou o diálogo e no mesmo ano, foi promulgada a bula de excomunhão.

Com o sistema feudal, o poder da Igreja também passa a influenciar no poder temporal, no senhorio do feudo.

2.2 - A Alta Idade Média (século XI ao século XII) - Marcada pela "Reforma Gregoriana", elaborada pelo grande Papa Gregório VII (1073-1095), marca a renovação e fortalecimento da Igreja, eliminando influências até mesmo por parte de leigos poderosos no que se dizia a investiduras e nomeações. Os conflitos de poder levaram inclusive a excomunhão e deposição do Imperador Henrique IV. Graças a esta reforma, a Igreja se via livre do comando civil.

A hegemonia do papado no Ocidente teve seu ponto culminante sob o domínio espiritual do papa Inocêncio III (1198-1216). Em compensação, o papa Bonifácio VIII teve seu extremo em relação a disputas, chegando ao ponto de ser aprisionado pelo rei da França Felipe,  o Belo.

Também temos pontos importantes nos séculos XII, XIII e XIV:
- Surgimento de novas Ordens Religiosas (Franciscanos e Dominicanos);
- Muitos Santos: São Bernardo de Claraval (1090-1153), São Boaventura (1221-1274), São Tomás de Aquino (1225-1274), São Francisco de Assis, Santa Clara, São Domingos de Gusmão, Santa Catarina de Sena;
- Construção de catedrais;
- Surgimento de Universidades;
- Início do período chamado de Escolástica, onde busca-se a harmonia entre a fé e a razão;
- É criado o Conclave dos Cardeais para Eleição do papa, o Direito Canônico.

2.3 - A Baixa Idade Média (1300 a 1500) - Este período mostrou-se um verdadeiro desafio a Igreja, onde mostrou-se pouco preparada para tratar algumas questões:
- Uma reflexão mais profunda sobre a existência do mundo. É a ascensão da Antropologia;
- A civilização e a burguesia adquire uma importância determinante para o futuro;
- A vida eclesiástica encontrava-se numa fase de certezas abaladas, mas não certezas de fé;
- O "Grande Cisma do Ocidente", no qual 3 papas disputaram o seu reconhecimento exclusivo, fortaleceu o "conciliarismo", que entendia que acima do papa havia o Concílio Geral que podia julgar e depor o papa. Este Cisma foi resolvido no Concílio de Constança, onde os 3 reclamantes do papado foram obrigados a renunciar e Martinho V foi eleito papa em 1417, restaurando a unidade da Igreja;
- Com a conquista de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453, o resto do Império Bizantino caiu sob a dominação muçulmana;

2.4 - A Inquisição (Baixa Idade Média e ápice durante os séculos XVI e XVII) - Em 1229, o Concílio de Tolosa dispunha que todos os fiéis deveriam prestar a cada 2 anos juramento de renúncia a tudo que fosse contrário a fé da Igreja Católica Apostólica Romana, isso devido as inúmeras ideologias e heresias perigosas existentes na época.

Para os crimes comuns já haviam os tribunais civis da Idade Média e contra as ameaças espirituais foram criados os tribunais responsáveis por este encargo.

No século XI, surgiram os cátaros, que rejeitavam a face visível da Igreja e também as instituições básicas da vida civil como o matrimônio e o serviço militar. Estes provocavam tumultos, ataques a Igreja e incitavam o povo. Precisamos lembrar que naquela época era lícito reprimir pelo uso da força quando elas ameaçavam a segurança do povo e da ordem civil e religiosa.

Baseado nestas considerações, o papa Gregório IX criou oficialmente a Inquisição que perdurou até 1834.

Em alguns locais e ocasiões, os membros da Igreja eram iludidos por governos, que para alcançarem seus objetivos e até com a cobiça por terras e posses taxavam as oposições como heresias, que eram perseguidas pela Inquisição e, caso condenados, perdiam seus bens em benefício dos acusadores.

Logicamente, não podemos julgar os acontecimentos de outrora com o conhecimento e diplomacia do nosso tempo, mas usar estes acontecimentos como escola, ensinando-nos mais uma vez que o cristianismo não pode ser imposto, mas fruto de um encontro com Jesus.

Por outro lado, muitos desfocam a Inquisição do contexto social, temporal, cultural e religioso que aconteceu e, analisando e interpretando-a de maneira equivocada acusam e escarnecem da Igreja. Reconhecendo isto, o papa João Paulo II, na celebração do jubileu do ano 2000, pediu perdão publicamente pelos erros cometidos pelos filhos da Igreja.

3 A IGREJA NA IDADE MODERNA -

3.1 - A Reforma - Um dos momentos marcantes da história, a chamada Reforma começa com o protesto de Lutero em 1517 sobre a pregação das indulgências, cujos pregadores faziam o possível para arrecadarem dinheiro para as obras para a construção da nova Basílica de São Pedro em Roma. Este protesto gera o impasse entre Lutero e o Papa.

Príncipes do centro e do norte da Alemanha que protestavam contra o Papa e o Imperador apoiaram Lutero e por isso seus seguidores foram chamados de 'protestantes'. Aderiram a este movimento alguns países menores da Europa, além de Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia e desencadeou inúmeras revoltas que culminaram com a destruição de templos, profanação de sacrários e altares e um sem número de mortos.

3.2 - Algumas Consequências da Reforma - O fortalecimento do individualismo e do subjetivismo levaram o homem a distanciar-se da comunidade e, ao contrário do que os reformadores planejavam, a obra de Lutero levou a inúmeras divisões da cristandade e o surgimento de um sem número de comunidades eclesiais e seitas com diferentes doutrinas e costumes. Podemos destacar:

-Na Suíça, Calvino e Zwinglio iniciam o movimento que dá origem a Igreja Reformada, que se expandiu na Suíça, Alemanha, França e Holanda.
- Na Escócia, John Knox inicia um movimento que dá origem a Igreja Presbiteriana;
- Na Inglaterra, após o episódio em que o rei Henrique VIII rompe com Roma por não obter a declaração de nulidade do seu matrimônio com a rainha Catarina de Aragão para casar-se com Ana Bojena, é criada a Igreja Anglicana. O primeiro-ministro do rei, Thomas More, foi executado por se manter fiel a fé Católica.

3.3 - Uma Reformulação Católica: A Contra-Reforma - Através do Concílio de Trento (1545-1547; 1551-1552; 1562-1565) a Igreja busca restabelecer a unidade.

Na primeira fase (1545-1547) redefiniu-se o cânon das Sagradas Escrituras e declarou-se a a Vulgata, tradução latina, era totalmente isenta de erros teológicos. Definiu-se que o bispo deveria residir em sua diocese. Tratou-se também sobre os sacramentos, a justificação e o pecado original.

Na segunda fase (1551-1552) tratou-se dos sacramentos.
- Eucaristia: foram promulgadas verdades sobre a presença real de Jesus no pão e no vinho consagrados, sobre a transubstanciação e sobre o culto;
- Penitência: foram promulgadas verdades sobre a necessidade, partes essenciais e a satisfação;
- Unção dos Enfermos: foram promulgadas verdades sobre a origem, o ministro, seus efeitos e o sujeito do sacramento.

Na terceira fase (1562-1565) foram promulgadas verdades sobre: O Santo Sacrifício da Missa, os sacramentos da Ordem e do Matrimônio, sobre o Purgatório, sobre as imagens, sobre a invocação dos santos e resoluções sobre os religiosos e religiosas.

Frutos desta Contra-Reforma podemos citar o surgimento de novas ordens religiosas bastante ativas como os jesuítas e os capuchinhos e a retomada das missões na África e Ásia e o início das missões na América.

3.4 - Mudanças no Rumo da Humanidade - Na Idade Moderna, o Iluminismo, partindo da Holanda e Inglaterra viria a provocar muita luta tanto a nível intelectual como político. Seu objetivo era colocar o homem, enquanto ser racional, no centro de todos os esforços.

Baseado nisto, surge a Revolução Francesa em 1789 e dela acabam sendo alimentadas as ideias revolucionárias em outros povos.

O período que vai da Revolução Francesa até a primeira Guerra Mundial (1914) é um período marcado por movimentos de liberdade e de industrialização devido a chamada Revolução Industrial iniciada no Reino Unido. Com este cenário em que o homem passa a ser simples "assalariado", preocupada com a "questão social", surge uma oportunidade especial para a mensagem da Igreja. Este foi o período em que o povo de Deus mais se congregou em torno do Papa, sendo que em 1891 o papa Leão XIII escreve a Encíclica "Rerum Novarum", a primeira encíclica social da Igreja.

5 CONCLUSÃO -

Com isto terminamos nosso segundo capítulo, UFA!!!. No próximo capítulo trataremos da Igreja no século XX e no início do novo milênio. Te encontro lá!

Um grande abraço a todos!
"Se tem o dom de ensinar, que ensine!"


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