sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Encarte da Revista Renovação 101


Paz de Jesus irmãos e irmãs!
Que Deus nos abençoe e nos dê a alegria para viver o Jubileu dos 50 anos da RCC.

Desculpem a demora na postagem! Estive de férias e no #ENFdeouro. Para aqueles que não puderam estar, foi E-S-P-E-T-A-C-U-L-A-R! Uma experiência única e com motivações maravilhosas. Ouvir de nossa coordenadora nacional que "A formação é o futuro dos grupos de oração" não tem preço.


Espero poder retomar as postagens normalmente, se Deus quiser, hehe!

Na Revista Renovação, periódico bimestral que a RCCBrasil emite, em sua página central consta um anexo que chamamos de ENCARTE FORMATIVO que é responsabilidade do ministério de formação. Na última revista, de novembro e dezembro, fiquei responsável por escrever o encarte sobre o Jubileu da RCC. Foi difícil, pois não tinha experiência com artigos assim, mas com a condução do Espírito Santo deu tudo certo.


Como a revista já foi publicada, segue abaixo o texto do ENCARTE. Espero que gostem.


Por Klaus Newman
Grupo de Oração Ágape
Coord. Ministério de Formação da RCC Goiás

O ANO JUBILAR, O ANO DA ALEGRIA

Amados irmãos e irmãs, que a paz inquieta de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja em nossos corações.
Estamos na eminência de uma grande festa, um momento de especial importância para nós, membros da Renovação Carismática Católica (RCC) em todo o mundo: O JUBILEU DE 50 ANOS de nosso movimento que nasceu de um “desejo do Espírito Santo”, como disse nosso amado Papa Francisco.[1]
Mas, qual a importância de um jubileu? Por que esta data é diferente das outras? Em primeiro lugar, precisamos meditar na importância e no significado de Jubileu na Sagrada Escritura e ao longo da história do povo de Deus.

No Antigo Testamento
A palavra “jubileu” vem do hebraico “Yôbel”, referente ao carneiro cujo chifre era usado para anunciar um ano de festa, um ano de alegria. Este “Ano da Alegria” era proclamado no ano posterior a sete períodos sabáticos.
Após seis anos de cultivo da terra e a colheita dos frutos, era proclamado um ano sabático, um ano de descanso para a terra em que a mesma não poderia ser cultivada. Sete períodos sabáticos totalizavam 49 anos, o que recebia o nome de “Shemitá, e no ano posterior era proclamado o “Ano da Alegria”, ou ano jubilar.
No texto bíblico de Levítico podemos conferir está prática do povo de Israel:

“Contarás sete anos sabáticos, sete vezes sete anos, cuja duração fará um período de quarenta e nove anos. Tocarás então a trombeta no décimo do sétimo mês: tocareis a trombeta no dia das Expiações em toda a vossa terra. Santificareis o quinquagésimo ano e publicareis a liberdade na terra para todos os seus habitantes. Será o vosso jubileu. Voltareis cada um para as suas terras e para a sua família. O quinquagésimo ano será para vós um Jubileu: não semeareis, não ceifareis o que a terra produzir espontaneamente, e não vindimareis a vinha não podada, pois é o jubileu que vos será sagrado. Comereis o produto de vossos campos.
Nesse Ano Jubilar, voltareis cada um à sua possessão. Se venderes ou comprardes alguma coisa de vosso próximo, ninguém dentre vós cause danos ao seu irmão (...). Ninguém prejudique o seu próximo. Teme o teu Deus. Eu sou o Senhor, vosso Deus.[2]

Podemos verificar que o quinquagésimo ano não é uma data apenas simbólica ou alegórica como tem se tornado muitas das datas comemorativas do ano civil e, algumas vezes, até do religioso. Podemos perceber a cultura do materialismo e do descartável no nosso meio, sendo que as comemorações tem dado lugar a apenas feriados prolongados, sem sentido e sem significado. Nosso coração de cristão se entristece com a realidade vazia que se tornou o natal e a páscoa de muitos irmãos que ainda não conheceram o Senhor. Porém o jubileu judaico, ao contrário, tem relação direta com o sábado, o dia do repouso, por isto envolve muitos princípios e valores vitais para o povo de Israel que podem nos orientar para este nosso ano. Vejamos alguns destes valores:
1. A soberania de Deus, na qual reconhecemos que Ele é o Criador e Senhor da Terra e de cada ser humano. Desta afirmação podemos deduzir que o homem não pode apropriar-se da terra, levando-nos a compreender que nossos olhos precisam se voltar para o céu e reconhecer que somos apenas hóspedes nesta terra, administradores dos bens celestiais, “a terra não se venderá para sempre, porque a terra é minha, e vós estais em minha casa como estrangeiros e hóspedes”[3]. Logo, somos cidadãos do céu e nossa submissão é ao Pai que está no céu e não as coisas materiais.
2. Dar o devido descanso à terra, não explorando-a indiscriminadamente. Papa Francisco tem nos orientado a este respeito em sua encíclica Laudato Si, sobre o cuidado da casa comum que “clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou. Crescemos a pensar que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra (cf. Gn 2, 7)”.[4] A afirmação de que a terra é um dom de Deus para as necessidades da pessoa humana nos leva a compreender que a mesma pertence a todos e para todos e qualquer esforço de monopólio que negue ou bloqueie este destino universal é pecado contra Deus e contra o próximo. A justiça, coração da mensagem bíblica, consiste em reconhecer o amor gratuito de Deus no mundo e cooperar com ele fazendo com que a justiça seja o modo de ser e de agir. Segundo o profeta Isaías, é da “justiça”, isto é, da ação justa, da retidão, que nasce a paz, a plenitude dos bens para todos.[5]
3. Devolver a propriedade aos proprietários originais, restabelecendo a justiça original, ou seja, devolver o que é de Deus a Deus e o que do irmão ao irmão. O que é de Deus? Nossa vida, nosso trabalho, nossa família, nosso chamado, nosso coração, nosso ministério e tudo mais que temos e que julgamos ser donos, mas que nos foi dado como presente por Deus. E o que é do nosso irmão? O amor, a compaixão, o perdão, a compreensão, o conselho e até os carismas, que são “manifestações extraordinárias do Espírito Santo para proveito comum”.[6]
4. A gratuidade. Quando afirma-se que o homem vive em uma terra que não é sua, mas que pertence a Deus, que somos hospedes Dele, percebemos que somos frutos de Sua graça ou gratuidade, ou seja, do amor sem interesse do Senhor. Este princípio precisa orientar nossas ações, a gratuidade e não a reciprocidade. Ser recíproco é dar o que se recebe. Gratuidade é dar sem esperar ou receber nada em troca.
5. O perdão. O início do Ano Jubilar, ou “Yôbel”, coincidia com a festa judaica “Yom Kippur”, a grande festa da reconciliação: “Tocarás então a trombeta no décimo do sétimo mês: tocareis a trombeta no dia das Expiações em toda a vossa terra”[7]. Com isto era instituído a possibilidade de um novo início, rompendo não somente com a injustiça e a desigualdade social, mas, principalmente, com a própria culpa, prefigurando o que viria a ser a expiação definitiva em Cristo Jesus. Alguns estudiosos apontam que a palavra “Yôbel” tem ainda outro significado, que seria o verbo hebraico “trazer de volta”, pois no ano jubilar os escravos voltavam a seu estado anterior de liberdade, não sendo mais servos de homens e sim apenas do Criador e as terras também voltavam aos proprietários originais.

No Novo Testamento
Tudo no Antigo Testamento aponta para a pessoa de Jesus Cristo. A voz dos profetas constantemente evocavam a vinda do tempo messiânico, tempo em que Deus enviaria o Ungido (Messias) e tudo seria novo, segundo o querer e a bondade de Deus: prosperidade, harmonia, fim dos sofrimentos e da violência. Era uma visão do futuro, inspirada na ordem estabelecida por Deus e quebrada pelo pecado. As práticas do Antigo Testamento também não são fatos isolados, mas entram no plano da salvação e apontam para o Redentor, Salvador, Libertador e Messias, Jesus Cristo.

“Jesus dirigiu-se a Nazaré, onde se havia criado. Entrou na sinagoga em dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Desenrolando o livro, escolheu a passagem onde está escrito (61,1s.): O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor. E enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. Ele começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir. ”[8]

Jesus é o jubileu que se cumpre, a grande alegria do povo de Deus. Nele se cumpre os princípios do jubileu judaico: Ele é o Senhor soberano[9], o Sol da Justiça[10]. Nele recebemos o perdão dos pecados[11], a reconciliação com Deus[12], nos tornamos filhos de Deus[13] e irmãos uns com os outros. Nele somos libertos da culpa, somos libertos do pecado que nos fazia escravos,[14] libertos pelo amor gratuito de Deus manifestado Cristo. Por isso, nossa alma glorifica ao Senhor e nosso espírito exulta de alegria[15], porque Ele é “o ano da graça do Senhor”!
Sendo plenificado em Jesus, a prática do Jubileu no sentido judaico foi abandonada pelos cristãos, sendo que no decurso do primeiro milênio não há sinais de sua prática. Porém, no ano de 1300, com o papa Bonifácio VIII, a prática do Jubileu é retomada principalmente como peregrinação e comemoração, onde os cristãos iam a Roma para visitar o túmulo dos apóstolos e pedir o perdão dos seus pecados, resgatando assim os princípios originais.
A partir deste ano, a prática do jubileu passou a se repetir com certa frequência, priorizando aspectos de indulgência, peregrinação e comemoração. Este costume intensificou-se durante o século XX inspirado pela renovação consequente do Concílio Ecumênico Vaticano II.
Até o presente momento foram celebrados 28 Jubileus oficiais da Igreja Católica, sendo um dos maiores destaques o “Grande Jubileu” proclamado por São João Paulo II na passagem do ano 2000 da Redenção. Além de uma importante data comemorativa destacou-se o desejo de conversão, renovação da fé e penitência. Outro grande destaque é o Jubileu da Misericórdia, cuja convocação foi feita pelo papa Francisco e que se encerrou no último dia 20 de novembro, tempo marcado por experiências marcantes de amor, misericórdia e conversão a Deus.

JUBILEU DE 50 ANOS DA RCC

“Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso, o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus”.[16]

Como podemos ver, o JUBILEU DE 50 ANOS DA RCC não será apenas um símbolo ou uma data, mas um verdadeiro kairós, um tempo de graça para todos nós carismáticos. Será um ano de comemoração pelos 50 anos de trajetória e história de nosso movimento, cujo início convencionamos com o fim de semana de Duquesne, em fevereiro de 1967. Também será um tempo de muita escuta e retorno ao Senhor, de reconhecermos Sua soberania e buscarmos cada vez mais a condução do Espírito Santo.
Além disso, será um tempo de colhermos os frutos destes 49 anos de caminhada e dedicação. Lembremos que no ano jubilar o povo de Israel não plantava, mas colhia aquilo que dava naturalmente na terra. Neste ano jubilar será nossa vez de colhermos os frutos da caminhada e entrega de milhares de pessoas que encontraram na RCC a espiritualidade que necessitavam, frutos que o Senhor plantou.
Entre estes frutos podemos destacar a convocação do Papa Francisco para a celebração de Pentecostes na Praça de São Pedro, onde o mesmo fez questão de estar presente: “Espero todos vocês, carismáticos do mundo, para celebrar, juntamente com o Papa, vosso grande Jubileu no dia de Pentecostes, em 2017, na Praça de São Pedro![17]
Para a RCCBRASIL, tivemos a inauguração dos trabalhos para o ano jubilar no dia 09 de julho, realizada por Katia Roldi, nossa atual presidente. Através das velas jubilares, símbolo idealizado pelo conselho nacional para representar a moção de “espalhar a chama”, cada presidente estadual foi convocado a levar o fogo do Espírito Santo a seu estado e por sua vez fazê-lo chegar a todas as instâncias do movimento: dioceses, cidades, vicariatos, províncias, paróquias, e principalmente na célula fundamental da RCC, o grupo de oração[18].
Após um longo momento de oração realizado pelo Conselho Nacional da RCCBRASIL entre 21 a 25 de setembro em Brasília-DF, foi discernido que o tema que orientará os trabalhos do Jubileu é: “O Espírito Santo descerá sobre ti.”[19] São as palavras do anjo a Maria na Anunciação, afinal teve início no último dia 12 de outubro o Ano Mariano no Brasil, em comemoração aos 300 anos da aparição da imagem de Nossa Senhora em Aparecida. O Senhor não iria falar ao Movimento algo distante do que a Sua Igreja esteja vivenciando.
“O Espírito Santo descerá sobre ti” nos remota a uma grande certeza e ao mesmo tempo uma grande esperança. A certeza que Ele “descerá”, de que virá em grande profusão e inundará todo aquele que se abrir a graça do Pentecostes pessoal, principalmente para cumprir sua missão, como foi com Maria, com Jesus e com os apóstolos. Mas também a esperança de que esta graça se renovará a cada novo pedido. O Espírito desce sobre Maria para que conceba, mas descerá novamente no dia de Pentecostes, uma vez que a palavra nos diz que “com eles estava Maria”[20], aliás este é o tema para os encontros de Pentecostes para o ano de 2017. Temos assim a esperança de que podemos clamar esta efusão diariamente e até várias vezes no mesmo dia para cumprirmos o chamado do Senhor, até mesmo as mais árduas e difíceis missões. O Catecismo é claro em afirmar isso: “tendo entrado uma vez por todas no santuário do céu, Jesus Cristo intercede sem cessar por nós como mediador que nos garante permanentemente a efusão do Espírito Santo[21].
Irmãos e irmãs, neste “Ano de Graça”, “Ano de Alegria”, “Ano de Perdão”, enfim, neste Jubileu, clamemos com ainda mais vigor: VEM ESPÍRITO SANTO, FAÇA-SE EM MIM SEGUNDO A TUA PALAVRA! E que possamos cantar, assim como o Conselho Nacional da RCCBRASIL em sua reunião de escuta, cheios de esperança e de certeza:
Que a graça de Deus cresça em nós sem cessar,
E de ti, nosso Pai, venha o Espírito Santo de amor,
Pra gerar e formar Cristo em nós!

Que Nossa Senhora Aparecida interceda por nós!


[1] http://www.rccbrasil.org.br/espiritualidade-e-formacao/palavra-do-papa/1232-papa-francisco-a-renovacao-carismatica-e-uma-corrente-de-graca-para-a-igreja.html
[2] Lv 25, 8-17
[3] Lv 25, 23
[4] Laudato Si, 2
[5] Is 32, 15-20
[6] Apostila módulo básico 2, Carismas, página 12
[7] Lv 25,9
[8] Lc 4, 16-22
[9] Fl 2, 10
[10] Ml 4, 2
[11] Ef 1, 7
[12] Hb 9,12
[13] I Jo 3, 1
[14] ICor 7, 21s
[15] Lc 1, 46s
[16] Lc 1, 35
[17] http://www.rccbrasil.org.br/espiritualidade-e-formacao/palavra-do-papa/1232-papa-francisco-a-renovacao-carismatica-e-uma-corrente-de-graca-para-a-igreja.html
[18] Apostila módulo básico 3, Grupo de Oração, página 09
[19] http://www.rccbrasil.org.br/institucional/index.php/artigos/1124-o-espirito-santo-descera-sobre-ti-e-o-tema-da-rcc-para-2017
[20] At 1, 14
[21] CIC 667

Nenhum comentário:

Postar um comentário